quinta-feira, 9 de junho de 2011

ânsias na cidade

lia
tudo
nada
enten-
dia

depois de quase morrer
atropelado pela velocidade
louca da rotação dos motores
duas vezes antes da tarde

não fossem as buzinas que o arrancaram

do torpor de dias presos
ao imaginário de páginas
& mais páginas de nada

não fosse a fome

que o obriga estar na
na rua de corpo inteiro

para

constatar do nada 
que lhe falta algo

essencial, portanto
tudo para o mínimo

entendimento

da própria vida
em relação
a todos as vidas

a porta ausente era a porta de todas as chaves

sente crises como se fosse personagem de uma epopéia urbana

"não é possível que seja demasiado simples assim!"

"se for saberei prosseguir?"

"quando vencer a batalha do medo
as cortinas vermelhas que imagino
defronte à realidade serão abertas?"

"dependo de mim para infringir os limites."

"limites que eu mesmo tracei sem querer".

havia algo que não sabia viver

& se perguntasse àquele homem que
, olhando assim de longe, aparenta ter
durante algum movimento da luz do dia
encontrado a porta certa para as suas
chaves enferrujadas de chagas agônicas

como quando reencontra
numa manhã fria chuvosa
um objeto
com o cheiro de alguém,
uma flor que secou,
ou mesmo versos borrados
no verso do guardanapo
com um beijo de batom

os quais se admitia
há 3 estações
para todo sempre perdidos

que de tanto procurá-los
em vão
sempre nos lugares errados -
jamais seria capaz de imaginar
que estivessem

demasiado óbvios
dentro do bolso do casaco


onde dedos (inocentes?)
se refugiarão no próximo

inverno

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