segunda-feira, 5 de março de 2012

a última despedida

é verdade: preciso
partir. sim! tenho
que deixar a terra
que renega a vida!

um vazio no peito
sinto-o me rasgar
em mil fragmentos
no final da tarde

resta-me o momento
vago lacrimejante
da eterna partida,
da nova despedida...

quão curioso sentir
de antemão que aqui
amanhã não restará
nada destes corpos!

talvez marcas no lençol,
objetos pessoais, livros
esquecidos na sede de ir
sem saber para onde!

quem sabe do cheiro do amor
que evaporará-se sob o sol?
quem sente? quem sabe-me
partindo partido? quem?

nenhum murmúrio sequer
derramado antes da manhã
capaz de fulgurar eterno
entre infinitas palavras
            desperdiçadas

muito menos um sorriso
perdido ou beijo lançado
do outro lado do oceano
atlântico dos desejos!

o dia, seja qual for ele,
sempre chegará, seja dia
de ir, seja dia de voltar
para ir sempre sem volta

sem me importar se achas-me
louco ou me perdes no vento
rogando que permaneças além
de uma pálida saudade marco

com sangue uma folha & lanço
-me na chama eterna da vida
para gozar a liberdade que
senti preso nos seus braços!

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