quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Uma vida por um meio-fio


& o carro máquina matéria morta do tempo
perde-se na curva, transforma-se em arma
cortante & avança como pulsão de morte
sobre a calçada neste dia de quase morte &
chuva de vento & raios & trovões no asfalto
que atravessa a garganta & todas as células
& traz veloz o carro branco desgovernado 
que explodirá no paralelepípedo que se colocou
entre a minha existência & a dos automóveis
entre os delírios do capital & a pulsão de vida
entre a paixão pela morte & a curiosidade

entre a produção industrial & a vida produtiva
para num sobressalto arrancar o corpo de si

esmagar-lhe, destripar, arrebentar, matar!
máquina de morte do capital máquina mortal
basta só uma vida para que a morte persista
fatalmente sobre seus sonhos encharcados
numa tarde tempestuosa & abafada de verão

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