domingo, 15 de maio de 2011

abolição em 10 movimentos

1 é preciso fazer alguma coisa
2 ou farão

3 corpo em trânsito




 







  




na velocidade do movimento 
as paisagens como um filme 
que nunca mais será revisto 
se projetam 
fora e dentro 
da tela do pensamento














  

e se fundem a uma chama viva que imperceptível queima a linha
das dimensões puramente físicas do espaço e do concreto armado












  


 
amanda, 
maria vitória, 
a bailarina,
 

seus nomes
são flores 
nesta hora

6 deliro versos dentro da noite fria
perco as referências possíveis do eu

o matemático pandeirista
o economista comunista 
& seu bandolim mágico

festa! festa!


palmas cadenciadas

- nunca imaginei que ouviria samba aqui
- o samba está em todo lugar

7

bárbara surge

seu pai serralheiro
teu avô metalúrgico


bárbara é bárbara como uma noite de sábado

enquanto as poças brilham através dos vidros
me ensina a dor da mãe que perdeu um filho

choramos com a chuva fria

até que o samba se manifesta
numa criança que gira a roda

festa vozes 
samba palmas
os acordes do violão 
desenham suaves 
a experiência

oh! bárbara o que você me diz é 
tão poesia quanto o que escreve

suas palavras casam com o samba
até nos perdermos como antes sempre
por entre os dedos que não os nossos


8

sou lançado ao canto xamânico 

tudo o que colocamos dentro de nós ao longo do dia
deve culminar na coisa que nos é mais prazerosa
 

bárbara a bailaria maria o matemático pandeirista
se misturam às luzes, aos outros corpos, ao ritmo

que oscila

da cidade ao morro
de joão à candeia

lançado ao desconhecido 
entre tantos desconhecidos o único desconhecido

não consigo parar de esquecer os nomes e os rostos na escada 

não digo adeus 
há uma esperança pueril de reencontrar o que deixo 
se perder agora

9

estou voltando ao sonho ou fui um sonho febril da noite fria?
















ouço os ecos da festa que me esqueceu

ainda chove

em algum lugar calmo da cidade
bárbara canta a internacional 
para seu anjo domenique dormir

toco a imagem poética
com a ponta dos medos

10

aqui neste momento
o décimo movimento

3 comentários:

  1. entre-fotos as aspas em números dos poréns.

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  2. linda a 4ª foto... é como se a vista convidasse a beber a vida.

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  3. a araucária se impõe na paisagem e toca o céu de chumbo

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